sábado, 12 de agosto de 2017

PAI GAY

Num cenário de conflito masculino e conquistas femininas, muitas instituições estão sendo transformadas, principalmente a família. Ao desviar do modelo tradicional ela assume um modelo chamado moderno em que "a família hierárquica com papéis bem definidos quanto a gênero e geração" é substituída.
A família gay é um modelo que atualmente ganha maior visibilidade. O espaço aberto pelas novas formas de constituição familiar, as várias opções de produção independente, bem como a alternativa de adoção por parte de pessoas solteiras possibilita que homens e mulheres homossexuais assumam a maternidade e a paternidade conforme seus ideais.
Viver fora deste padrão exigido pela sociedade é uma decisão muito difícil. É uma opção que vai exigir muita determinação e coragem pois o que não é visto como “padrão”, sofre preconceito.
Assumir a homossexualidade nesse universo machista e conservador é percorrer um caminho de muitas pedras e barreiras. Obstáculos que só serão superados a partir de muitas lutas, posicionamentos e reivindicações pela busca de uma cidadania plena em que a orientação sexual não seja motivo de segregação dentro do processo da dinâmica familiar e social.

Conheça a experiência de Antônio 45 anos Advogado que através da inseminação artificial acaba de ser pai da Maria que hoje já está com 2 meses.

Antônio como está sendo seu primeiro dia dos pais?
Está sendo bem especial. Hoje eu percebi que até então eu só prestava homenagens, eu só dava amor. A partir de agora, eu serei alvo dessa homenagem. Serei o destinatário desse amor. Minha filha ainda é pequena e não tem idade para ser ativa nesse processo, mas espero o dia em que ela demonstrará todos os sentimentos que nutrirá por mim.

Você sempre quis ser pai?
Mais ou menos. Houve momentos em que quis muitos. Em outros, nem tanto. eve medo no meio disso. Também não queria ter filhos apenas para cumprir uma regra social ou para não ficar sozinho na velhice. Queria ter filho se sentisse que esse desejo era genuíno em meu coração. Essa vontade veio com o tempo. Mas veio forte no momento certo.

O que você espera da paternidade?
Espero educar minha filha com princípios e valores que a tornem uma pessoa verdadeira e conectada com sentimentos como o amor, a bondade, a sensibilidade. Espero dar bons exemplos para que ela tenha caráter. Quero contribuir para que ela seja um ser humano melhor do que muitos e, com isso, me tornar uma pessoa melhor também.

Qual é o seu maior medo enquanto pai?
Não saber educar minha filha da melhor forma, fazendo com que ela se desvie dos valores éticos.

Como e a relação com a mãe da sua filha?
Somos amigos e acompanhei de perto a criação da sua filha com o meu companheiro. Assim pude perceber o seu caráter, os seus valores, a sua responsabilidade e o seu caráter.
Temos uma relação de cumplicidade e amizade em torno da nossa filha, procurando proporcionar a ela o melhor, mas com limites.

Como a sua família reagiu a essa decisão? E o seu companheiro?
Todos ficaram muito empolgados. Meus pais, irmãs e sobrinhos vibraram muito com a chegada de uma nova criança e torceram para que fosse uma menina. Todos se renovaram em tornar dela. Acho que nunca imaginaram que eu fosse pai um dia e todo o amor que sentem por mim refletiu nessa criança.
Meu companheiro me deu muita força mesmo antes do projeto envolver a mãe da sua filha, circunstância que o deixou ainda mais feliz. Ele sempre quis que eu fizesse o que fosse melhor pra mim e que eu não me angustiasse com tantas dúvidas.

A relação de vocês ficou melhor?
Muito melhor, ficamos mais próximos. A cumplicidade entre nós aumentou. É como se minha filha tivesse sido gerada por nós. Mesmo com a presença das mães, tudo pareceu ser um projeto nosso. Mas a verdade é que somos uma grande família e esse laço ficou mais forte.

O que você diria para outros casais homoafetivos que querem ter filhos
Se querem mesmo ter filhos, tenham. É um amor sem igual. Nenhuma dificuldade é maior do que a alegria de dar e receber o amor de um filho.

(*) Kátia Horpaczky
Psicóloga clinica, Sexualidade e Terapia de Casal
CRP 06-41.454-3
Tel: 11 5573-6979
Kátia@rodadavida.com.br

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